sábado, 18 de outubro de 2014

# PEDRO E OS LOBOS



Os anos de chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano.



LAQUE, João Roberto: “Pedro e os Lobos; os anos de chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano”. – 1ª Ed. – São Paulo, editora: Ava, 2010.


“A História recente do Brasil contada de um jeito simples e vibrante”

Por: Nito Costa.

     Este livro é uma grande obra do escritor João Roberto Laque, formado em Historia e em Jornalismo o autor remonta o ultimo período brasileiro com ausência de democracia (1964-1985) de uma forma clara e objetiva. Através de um personagem central, o ex-sargento da Força Pública Paulista, Pedro Lobo de Oliveira, Laque mostra a trajetória de um  guerrilheiro urbano nos Anos de Chumbo, que executava ações pela VPR  (Vanguarda Popular Revolucionária) durante o regime militar no Brasil.


     Pra geração “Brasil 2000”, que acha que a historia política brasileira começou nos primeiros anos deste milênio, o livro acaba se tornando uma bíblia, sendo um conjunto de escritos históricos de extrema relevância para a, recém acordada, juventude de brasileiros e brasileiras que foram às ruas nas Jornadas de Junho de 2013. Movidos por uma “mão oculta” a juventude tupiniquim, no ritmo da juventude oriental e ocidental, se atreveu a interferir nas decisões políticas do país, o que é legitimo e democrático, no entanto, é preciso se revolucionar e procurar entender a nossa historia também através da leitura de livros. 



# + Livros, – Whatsapp! 


     O Brasil ainda é um dos países com menor índice de leitores. Observando a historia percebemos que o conhecimento, seja ele científico ou subjetivo, é a forma mais inteligente para se enfrentar as adversidades históricas. Destarte, ler é fundamental.


     Na leitura de “Pedro e os Lobos” nos deparamos, logo após o prefacio, no capitulo “Descida ao inferno”, com o Artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz: “Ninguém será submetido à tortura nem a punição ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.  O texto foi ratificado em Paris, no dia 10 de dezembro de 1948, pelos representantes dos 56 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), tendo 48 votos a favor, 8 abstenções e nenhum voto contra. Contudo, o Artigo 5º da DUDH acabou sendo mais uma, das tantas leis humanistas, a serem ignoradas pelos “donos do poder político”, como retratado em diversos momentos do livro “Pedro e os Lobos”, onde se tem inúmeros depoimentos de brasileiros e brasileiras submetidos a tortura.


     O período retratado no livro trás a luz boa parte da tortura física e psicológica imposta aos militantes de esquerda, que lutavam pelo fim da Ditadura Militar no Brasil. Ditadura esta, que teve forte incentivo dos Estados Unidos.


     No capítulo “Fim da ditadura”, Laque compartilha um trecho de uma matéria da revista Veja de 18 de Novembro de 1992 onde é feito um balanço preliminar da violência política experimentada pelo país nos 21 anos em que os militares exerciam o “Poder Moderador” no Brasil: “[...]o ciclo da ditadura no Brasil colocou em ação 13.000 militantes de esquerda, distribuídos em 29 organizações que pegaram em armas e outras 22 que optaram pela resistência pacifica. Do outro lado da trincheira, havia pelo menos 400 militares envolvidos diretamente em operações clandestinas. [...] No total, mais de 4.600 pessoas tiveram seus direitos políticos cassados, cerca de 10.000 foram exilados e, na lista dos desaparecidos, existem 144 nomes”.


    Poucos capítulos antes o autor coloca outro trecho da mesma matéria citada acima onde o Sargento Marival Dias Chaves do Canto revela: “Matar subversivos era uma atividade altamente profissional. Nas casas de São Paulo, havia uma equipe especializada na ocultação dos cadáveres. [...] Os que resitiam eram liquidados pelos agentes da repressão política com uma injeção usada para matar cavalos de até 500 quilos. A injeção era aplicada na veia do preso político, que morria na hora. Quem já assistiu a uma cena dessas sabe que é uma das coisas mais grotescas e repugnantes que se pode fazer a um ser humano. Eles matavam e esquartejavam. [...] Os agentes sabiam exatamente o que fazer. Primeiro, amputavam as falanges dos dedos, para evitar que os mortos fossem reconhecidos através das impressões digitais. Depois, amarravam as pernas para trás, de forma que o corpo ficasse reduzido à metade, e esfaqueavam a barriga. O esfaqueamento era para evitar que o corpo, se jogado num rio, viesse à tona algum tempo depois. Eles também colocavam o corpo dentro de um saco e amarravam-no num concreto de 40 a 50 quilos, para garantir que o corpo ficaria no fundo do rio”.  O Sargento que deu este depoimento serviu ao Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), um órgão repressor criado pelo Regime Militar brasileiro para prender e torturar aqueles que fossem contrários ao regime.


     Com isso, depois de preso, torturado e banido do Brasil, o personagem central do livro, Pedro Lobo de Oliveira, passa pela Argélia, Cuba, Chile e Argentina antes de se fixar na Alemanha Oriental, atrás da chamada “Cortina de Ferro”. Com a anistia, do final da década de 1970, o ex-guerrilheiro, Pedro Lobo, retorna ao Brasil onde reintegra a Policia Militar, sendo incorporado a oficial da reserva.


     O autor de “Pedro e os Lobos”, João Roberto Laque, é paulistano da Vila Ema. Formou-se em Jornalismo pela Universidade de São Paulo onde também cursou Historia, foi professor nos anos 80, redator do Jornal folha de São Paulo e editor de textos da Revista Nova Escola, publicada pela Fundação Vctor Civita.







     Assista a entrevista de João Roberto Laque, sobre o livro: “Pedro e os Lobos; os anos de chumbo na trajetória de um guerrilheiro urbano” – Programa da Tv Aberta – São Paulo, apresentação de Atilio Bari e Roberta Bari.


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